quinta-feira, 16 de outubro de 2014
MARIA MODELO DE FE ( PAPA FRANCISCO)
Continuando as catequeses sobre a Igreja, hoje gostaria de
olhar para Maria como imagem e modelo da Igreja. Faço isso retomando uma
expressão do Concílio Vaticano II. Diz a Constituição Lumen gentium: “Como já
ensinava Santo Ambrósio, a Mãe de Deus é figura da Igreja na ordem da fé, da
caridade e da perfeita união com Cristo” (n. 63).
1. Partamos do primeiro aspecto, Maria como modelo de fé. Em
que sentido Maria representa um modelo para a fé da Igreja? Pensemos em quem
era a Virgem Maria: uma moça judia, que esperava com todo o coração a redenção
do seu povo. Mas naquele coração de jovem filha de Israel havia um segredo que
ela mesma ainda não conhecia: no desígnio do amor de Deus estava destinada a
tornar-se a Mãe do Redentor. Na Anunciação, o Mensageiro de Deus chama-a “cheia
de graça” e lhe revela este projeto. Maria responde “sim” e daquele momento a
fé de Maria recebe uma luz nova: concentra-se em Jesus, o Filho de Deus que
dela se fez carne e no qual se cumprem as promessas de toda a história da
salvação. A fé de Maria é o cumprimento da fé de Israel, nela está justamente
concentrado todo o caminho, toda a estrada daquele povo que esperava a
redenção, neste sentido é o modelo da fé da Igreja que tem como centro Cristo,
encarnação do amor infinito de Deus.
Como Maria viveu esta fé? Viveu na simplicidade das mil
ocupações e preocupações cotidianas de toda mãe, como fornecer o alimento, a
vestimenta, cuidar da casa… Justamente esta existência normal de Maria foi
terreno onde se desenvolveu uma relação singular e um diálogo profundo entre
ela e Deus, entre ela e o seu Filho. O “sim” de Maria, já perfeito desde o
início, cresceu até o momento da Cruz. Ali a sua maternidade se espalhou
abraçando cada um de nós, a nossa vida, para nos guiar ao seu Filho. Maria
viveu sempre imersa no mistério de Deus feito homem, como sua primeira e
perfeita discípula, meditando cada coisa no seu coração à luz do Espírito
Santo, para compreender e colocar em prática toda a vontade de Deus.
Podemos fazer-nos uma pergunta: deixamo-nos iluminar pela fé de Maria, que é nossa Mãe? Ou a pensamos distante, muito diferente de nós? Nos momentos de dificuldade, de provação, de escuridão, olhamos para ela como modelo de confiança em Deus, que quer sempre e somente o nosso bem? Pensemos nisso, talvez nos fará bem encontrar Maria como modelo e figura da Igreja nesta fé que ela tinha!
Podemos fazer-nos uma pergunta: deixamo-nos iluminar pela fé de Maria, que é nossa Mãe? Ou a pensamos distante, muito diferente de nós? Nos momentos de dificuldade, de provação, de escuridão, olhamos para ela como modelo de confiança em Deus, que quer sempre e somente o nosso bem? Pensemos nisso, talvez nos fará bem encontrar Maria como modelo e figura da Igreja nesta fé que ela tinha!
2. Vamos ao segundo aspecto: Maria modelo de caridade. De
que modo Maria é para a Igreja exemplo vivo de amor? Pensemos em sua
disponibilidade para com a prima Isabel. Visitando-a, a Virgem Maria não lhe
levou somente uma ajuda material, também isto, mas levou Jesus, que já vivia em
seu ventre. Levar Jesus àquela casa queria dizer levar a alegria, a alegria
plena. Isabel e Zacarias estavam felizes pela gravidez que parecia impossível
em sua idade, mas é a jovem Maria que leva a eles a alegria plena, aquela que
vem de Jesus e do Espírito Santo e se exprime na caridade gratuita, no
partilhar, no ajudar, no compreender.
Nossa Senhora quer trazer também a nós o grande presente que
é Jesus e com Ele nos traz o seu amor, a sua paz, a sua alegria. Assim é a
Igreja, é como Maria: a Igreja não é um negócio, não é uma agência humanitária,
a Igreja não é uma ONG, a Igreja é enviada a levar Cristo e o seu Evangelho a
todos; não leva a si mesma – se pequena, se grande, se forte, se frágil, a
Igreja leva Jesus e deve ser como Maria quando foi visitar Isabel. O que levava
Maria? Jesus. A Igreja leva Jesus: este é o centro da Igreja, levar Jesus! Se
por hipótese, uma vez acontecesse que a Igreja não levasse Jesus, aquela seria
uma Igreja morta! A Igreja deve levar a caridade de Jesus, o amor de Deus, a
caridade de Jesus.
Falamos de Maria, de Jesus. E nós? Nós que somos a Igreja?
Qual é o amor que levamos aos outros? É o amor de Jesus, que partilha, que
perdoa, que acompanha, ou é um amor aguado, como se diluísse o vinho com água?
É um amor forte ou frágil, tanto que segue as simpatias, que procura um
retorno, um amor interessado? Outra pergunta: Jesus gosta do amor interessado?
Não, não gosta, porque o amor deve ser gratuito, como o seu. Como são as
relações nas nossas paróquias, nas nossas comunidades? Nós nos tratamos como
irmãos e irmãs? Ou nos julgamos, falamos mal uns dos outros, cuidamos de cada
um como o próprio jardim, ou cuidamos uns dos outros? São perguntas de
caridade!
3. Brevemente um último aspecto: Maria modelo de união com
Cristo. A vida da Virgem Maria foi a vida de uma mulher do seu povo: Maria
rezava, trabalhava, ia à sinagoga… Mas cada ação era cumprida sempre em união
perfeita com Jesus. Esta união alcança o ponto alto no Calvário: aqui Maria se
une ao Filho no martírio do coração e na oferta da vida ao Pai pela salvação da
humanidade. Nossa Senhora fez sua a dor do Filho e aceitou com Ele a vontade do
Pai, naquela obediência que dá frutos, que dá a verdadeira vitória sobre o mal
e sobre a morte.
É muito bonita esta realidade que Maria nos ensina: ser
sempre mais unidos a Jesus. Podemos perguntar-nos: nós nos lembramos de Jesus
somente quando algo não vai bem e temos necessidade ou a nossa relação é
constante, uma amizade profunda, mesmo quando se trata de segui-Lo no caminho
da cruz?
Peçamos ao Senhor que nos doe a sua graça, a sua força, a
fim de que na nossa vida e na vida de cada comunidade eclesial reflita-se o
modelo de Maria, Mãe da Igreja. Assim seja!
domingo, 12 de outubro de 2014
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