VOCAÇÃO
Quando uma pessoa realiza sua
vocação, ela realiza o sentido da vida.
O
discernimento da vocação exige o confronto pessoal e a
percepção mais profunda de si. Quem se sente confuso, deve buscar ajuda em
pessoas sólidas, que tenham boa formação. Isso para realizar um trabalho de
organização interna, pelo qual se criam as condições de enxergar mais profundamente
dentro de si. Para o cristão, o discernimento implica ainda a oração, a relação
de intimidade com Deus. Cada pessoa é chamada (vocação vem do latim ‘vocare’ –
chamar) por Deus a ter uma vida realizada e plena.
A
definição mais simples de vocação é: chamado. Trata-se de um chamado a um
estado de vida. Mas, primeiramente, é o chamado de Deus despertando para a
própria vida.
Tomar
consciência de que a vocação é um chamado de Deus à vida deve levar à percepção
de como se vive este chamado, esta vida que lhe foi dada não só como dádiva,
mas também como incumbência; não só como dom, mas como tarefa. Ou seja, como
você vai desenvolver esta vocação, este chamado que recebeu na sua concepção.
Vocação é
algo diferente de aptidão. As aptidões definem, por exemplo, a profissão de uma
pessoa. Já a vocação define um estado de vida. Isso significa que o chamado da
vocação ocorre num nível mais profundo dentro de nós: o existencial. Não é só o
psicológico. Ou seja, ele é mais abrangente, porque compreende um todo: a
pessoa em sua realidade física, psíquica e espiritual.
Hoje as
pessoas têm muita dificuldade de perceber a sua vocação fundamental, ou seja,
se vão se casar ou ser consagradas. Isso porque elas têm dificuldade de se
perceber na sua própria vida, na sua própria existência. Sendo assim, fica
ainda mais difícil perceber como vão se desenvolver.
Por
exemplo, se a pessoa quer discernir se o chamado dela é viver a vida
celibatária, ela tem de conhecer a sua realidade física, enquanto necessidades,
enquanto manifestações.
É preciso
também ter consciência da realidade psicológica, no sentido do seu
desenvolvimento, ou seja, se existe o chamado a querer viver um relacionamento
específico com alguém, ou o chamado a viver a afetividade de uma forma geral,
na partilha com todos.
O sentido
espiritual é outro elemento. Em Mateus 19, lemos: “aqueles que se tornaram
eunucos livremente por causa do Reino”. Isso quer dizer que, por causa do
Reino, no sentido mais profundo, espiritual, quer-se viver a vida exclusiva de
intimidade, de amor e de serviço a Deus. Quem está nessa condição vai abraçar a
vida consagrada. Já para a vida conjugal, é necessário o discernimento para ver
se existe a disposição interior de dividir a sua vida com alguém, de forma
exclusiva.
O
discernimento sincero da vocação só acontece a partir do momento em que a
pessoa se dispõe a se confrontar. O ser humano só se conhece quando se
confronta. Quando não há essa confrontação, acaba-se correndo o risco de se
enganar e se iludir. Para o cristão, a oração é algo fundamental nesse
processo.
A
confrontação implica estar atento no seu dia-a-dia, dando passos concretos em
direção àquilo que, em princípio, se sente chamado. Ou seja, é preciso
enfrentar as realidades que existem dentro de nós. Porque a partir do momento
em que há o confronto e o enfrentamento interior, vai-se descobrindo se tem ou
não a disposição interna para viver aquela realidade.
Para se
criar de forma confiável o espaço do confronto pessoal no discernimento
vocacional, é necessário buscar o conhecimento em pessoas sólidas, que tenham
boa formação. E também realizar um trabalho pessoal.