PASCOA , ENCONTRO COM CRISTO RESSUSCITADO!
“Fica conosco Senhor, pois já é tarde a noite
se aproxima”[1], foi o que disseram os dois discípulos ao
Senhor que, mesmo sem o ainda ter reconhecido, estavam com o coração confortado
pelas palavras daquele misterioso viajante.
O coração
humano sempre deseja algo que ainda não tem; e quando o tem, desejaria não ter
para sentir novamente o prazer do encontro com aquilo que procurava. A
narrativa dos discípulos de Emaús do Evangelho de São Lucas se apresenta em sua
beleza por este motivo: mesmo não sabendo que o Senhor Jesus ali estava, eles o
sentiam por meio da simbologia de suas palavras até culminar no gesto principal
e símbolo primevo da liturgia cristã: a fração do pão.
TU ÉS MEU ALIMENTO
Senhor, tu és meu alimento e minha bebida:
quanto mais me nutro de ti, mais fome tenho,
quanto mais bebo, mais sede sinto,
quanto mais possuo, mais desejo.
Tu és mais doce a meu
paladar que um favo de mel,
estás acima de toda medida mensurável.
Permanecem em mi fome e desejo.
Tu és inesgotável.
És tu que devoras ou
eu que me absorves ou eu que te devoro?
Não sei. No fundo de minha alma sou absorvido e te devoro.
Queres que eu seja um contigo
Mas não consigo livrar-me de minhas coisas
Para adormecer em teus braços.
Nada posso fazer a não
ser agradecer-te, honrar-te,
porque tu és a minha vida eterna.
Ruysbroeck
(Místico da Renânia do sec. XVI)
Se queremos ser santos, devemos aprender a valorizar as pequenas
coisas, pois, quando estamos unidos ao Cristo, nós percebemos que cinco pães e
dois peixes são mais do que suficientes para alimentar cinco mil homens. Ou
seja, Deus realiza maravilhas
em nossas almas quando valorizamos as pequenas coisas, mesmo que seja uma
simples jaculatória, um breve Pai Nosso, um não ao egoísmo e até os cuidados
com a beleza e a simplicidade do Altar. Nada é indiferente aos olhos do Senhor
quando estão repletos de generosidade, de entrega e de oblação
De manhã bem cedo, umas
mulheres vão ao cemitério para visitar um morto e recebem uma mensagem dizendo
que ele está vivo e elas recebem como missão anunciá-lo aos discípulos (Lc
24,1-10). Os discípulos não acreditam nelas; eles dizem que as mulheres deliram
(Lc 24,11). Chegada a noite, dois discípulos caminham até Emaús, a duas horas a
pé de Jerusalém, e no caminho eles encontram um estrangeiro que lhes acalenta o
coração com a sua Palavra. Os dois discípulos convidam o estrangeiro para ir a
sua casa, pois está tarde e eles reconhecem o Ressuscitado nesse estrangeiro,
quando ele parte o pão e o divide com eles (Lc 24,13-32). Logo, esses dois
discípulos voltam para Jerusalém (mais duas horas de caminhada), para
reencontrar os outros discípulos reunidos (Lc 24,33-34). Chegados a Jerusalém,
segundo o evangelho de hoje, os discípulos de Emaús contam aos outros
discípulos a sua experiência do Ressuscitado (Lc 24,35). Estamos no mesmo dia;
já está ficando tarde... Enquanto eles contam, Cristo se faz presente no meio
deles, desejando-lhes a paz, como no evangelho de João, na semana anterior (Lc
24,36). E lá São Lucas nos dá uma catequese sobre a missa; ele nos faz assistir
a uma eucaristia como lugar de encontro e de reconhecimento do Ressuscitado (Lc
24,37-48). fica conosco, Senhor!