domingo, 3 de fevereiro de 2013


1 Corintios 13- O amor é a essência da vida!
Ainda que eu fale a língua dos anjos e dos homens,
Se não tiver caridade, sou como o bronze que ressoa
Ou como o címbalo que tinhe.
Ainda que eu tenha o dom da profecia
E conheça todos os mistérios e toda a ciência,
Ainda que possua a fé em plenitude,
A ponto de transportar montanhas,
Se não tiver caridade, nada sou.
Ainda que distribua todos os meus bens em esmolas
E entregue o meu corpo a fim de ser queimado,
Se não tiver caridade, de nada me aproveita.
A caridade é paciente,
A caridade é benigna, não é invejosa;
A caridade não se ufana, não se ensoberbece,
Não é inconveniente, não procura o seu interesse,
Não se irrita, não suspeita mal,
Não se alegra com a justiça, mas rejubila com a verdade.
Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
A caridade nunca acabará.
As profecias desaparecerão,
As línguas cessarão e a ciência findará,
Porque a nossa ciência é imperfeita.
Mas quando vier o que é perfeito,
O que é imperfeito será abolido.
No tempo em que eu era criança,
Falava como criança, raciocinava como criança;
Mas, quando me tornei homem,
Eliminei as coisas de criança.
Hoje vemos, como por um espelho,
De maneira confusa,
Mas então veremos face a face.
Hoje conheço de maneira imperfeita:
Então, conhecerei exatamente,
Como também sou conhecido.
Agora subsistem estas três:
a fé, a esperança e a caridade;
Mas a maior delas é a caridade.

 A CARIDADE
O Espírito Santo fala-nos hoje, por intermédio do Apóstolo, de umas relações entre os homens completamente desconhecidas do mundo pagão, pois têm um fundamento totalmente novo: o amor a Cristo.Todas as vezes que o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizestes2. Com a ajuda da graça, o cristão descobre Deus no seu próximo; sabe que todos somos filhos do mesmo Pai e irmãos de Jesus Cristo.
A virtude sobrenatural da caridade não é um mero humanitarismo. “O nosso amor não se confunde com a atitude sentimental, nem com a simples camaradagem, nem com o propósito pouco claro de ajudar os outros para provarmos a nós mesmos que somos superiores. É conviver com o próximo, venerar [...] a imagem de Deus que há em cada homem, procurando que também ele a contemple, para que saiba dirigir-se a Cristo”3.
O Senhor deu um conteúdo inédito e incomparavelmente mais alto ao amor ao próximo, destacando-o como mandamento novo e verdadeiro distintivo dos cristãos4. A medida do amor que devemos ter pelos outros é o próprio amor divino: como eu vos amei; trata-se, portanto, de um amor sobrenatural, que o próprio Deus põe em nossos corações. É ao mesmo tempo um amor profundamente humano, enriquecido e fortalecido pela graça.
Sem caridade, a vida ficaria vazia... A eloquência mais sublime e todas as boas obras – se pudessem dar-se – seriam como o som de um sino ou de um címbalo, que dura um instante e desaparece. Sem caridade, diz-nos o Apóstolo, de pouco servem os dons mais preciosos: Se não tiver caridade, nada sou. Muitos doutores e escribas sabiam mais de Deus, imensamente mais, que a maioria daqueles que acompanhavam Jesus – gente que ignora a lei5 –, mas a sua ciência ficou sem fruto. Não entenderam o fundamental: a presença do Messias entre eles e a sua mensagem de compreensão, de respeito, de amor.
A falta de caridade embota a inteligência para o conhecimento de Deus e da dignidade do homem. O amor, pelo contrário, desperta, afina e aguça as potências. Somente a caridade – amor a Deus e ao próximo por Deus – nos prepara e dispõe para entender Deus e o que a Deus se refere, até onde uma criatura pode fazê-lo. Quem não ama não conhece a Deus – ensina São João –, porque Deus é amor6. A virtude da esperança também se torna estéril sem a caridade, “pois é impossível alcançar aquilo que não se ama”7; e todas as obras são vãs sem a caridade, mesmo as mais custosas e as que comportam sacrifícios: Se eu repartir todos os meus bens e entregar o meu corpo ao fogo, mas não tiver caridade, isso de nada me aproveita. A caridade não pode ser substituída por nada.
II. SÃO PAULO APONTA as qualidades que adornam a caridade e diz em primeiro lugar que a caridade é paciente. Para fazer o bem, deve-se antes de mais nada saber suportar o mal.
A paciência denota uma grande fortaleza. É necessária para nos fazer aceitar com serenidade os possíveis defeitos, as suscetibilidades ou o mau-humor das pessoas com quem convivemos. É uma virtude que nos levará a esperar o momento adequado para corrigir; a dar uma resposta afável, que muitas vezes será o único meio de conseguir que as nossas palavras calem fundo no coração da pessoa a quem nos dirigimos. É uma grande virtude para a convivência. Por meio dela imitamos a Deus, que é paciente com os nossos inúmeros erros e sempre tardo em irar-se8; imitamos Jesus Cristo que, conhecendo bem a malícia dos fariseus, “condescendeu com eles para ganhá-los, à semelhança dos bons médicos, que dão os melhores remédios aos doentes mais graves”9.
A caridade é benigna, isto é, está disposta de antemão a acolher a todos com benevolência. A benignidade só se enraíza num coração grande e generoso; o melhor de nós mesmos deve ser para os outros.
A caridade não é invejosa. Da inveja nascem inúmeros pecados contra a caridade: a murmuração, a detração, a satisfação perante a adversidade do próximo e a tristeza perante a sua prosperidade. A inveja é frequentemente a causa de que se abale a confiança entre amigos e a fraternidade entre irmãos. É como um câncer que corrói a convivência e a paz. São Tomás de Aquino chama-a “mãe do ódio”.
A caridade não é jactanciosa, não se ensoberbece. Sem humildade, não pode haver nenhuma outra virtude, e particularmente não pode haver amor. Em muitas faltas de caridade houve previamente outras de vaidade e orgulho, de egoísmo, de vontade de aparecer. “O horizonte do orgulhoso é terrivelmente limitado: esgota-se em si mesmo. O orgulhoso não consegue olhar para além da sua pessoa, das suas qualidades, das suas virtudes, do seu talento. É um horizonte sem Deus. E neste panorama tão mesquinho, nunca aparecem os outros, não há lugar para eles”10.
A caridade não é interesseira. Não pede nada para a própria pessoa; dá sem calcular o que pode receber de volta. Sabe que ama a Jesus nos outros e isso lhe basta. Não só não é interesseira, mas nem sequer anda à busca do que lhe é devido: busca Jesus.
A caridade não guarda rancor, não conserva listas de agravos pessoais; tudo desculpa. Não somente nos leva a pedir ajuda ao Senhor para desculpar a palha que possa haver no olho alheio, mas nos faz sentir o peso da trave no nosso, as nossas muitas infidelidades.
A caridade tudo crê, tudo espera, tudo tolera. Tudo, sem nenhuma exceção.
Podemos dar muito aos outros: fé, alegria, um pequeno elogio, carinho... Nunca esperemos nada em troca, nem sequer um olhar de agradecimento. Não nos incomodemos se não somos correspondidos: a caridade não busca o seu, aquilo que, considerado humanamente, poderia parecer que lhe é devido. Não busquemos nada e teremos encontrado Jesus.
III. A CARIDADE NÃO TERMINA nunca. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência findará [...]. Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; mas a mais excelente delas é a caridade11.
Estas três virtudes são as mais importantes da vida cristã porque têm o próprio Deus por objeto e fim. Mas a fé e a esperança não subsistem no Céu: a fé é substituída pela visão beatífica; a esperança, pela posse de Deus. A caridade, no entanto, perdura eternamente; é, já aqui na terra, um começo do Céu, e a vida eterna consistirá num ato ininterrupto de caridade12.
Esforçai-vos por alcançar a caridade13, urge-nos o Apóstolo São Paulo. É o maior dom e o principal mandamento do Senhor. Será o distintivo pelo qual se reconhecerá que somos discípulos de Cristo14; é uma virtude que, para bem ou para mal, estaremos pondo à prova em cada instante da nossa vida.
Porque a qualquer hora podemos prestar ajuda numa necessidade, ter uma palavra amável, evitar uma murmuração, dirigir uma palavra de alento, fechar os olhos a uma desconsideração, interceder junto de Deus por alguém, dar um bom conselho, sorrir, ajudar a criar um clima mais descontraído e risonho na família ou no trabalho... Podemos fazer o bem ou omiti-lo; ou então, além das omissões, causar um mal direto aos outros, magoá-los e talvez, em casos extremos, contribuir para a sua destruição. E a caridade insta-nos continuamente a ser ativos no amor, com obras de serviço, com oração e também com penitência.
Quando crescemos na caridade, todas as virtudes se enriquecem e se tornam mais fortes. E nenhuma delas é verdadeira virtude se não estiver impregnada de caridade: “Tens tanto de virtude quanto de amor, e não mais”15.
Se recorrermos frequentemente à Virgem, Ela nos ensinará a relacionar-nos com os outros e a amá-los, pois é Mestra de caridade. “A imensa caridade de Maria pela humanidade faz com que também nela se cumpra a afirmação de Cristo: Ninguém tem maior amor que aquele que dá a vida pelos seus amigos (Jo 15, 13)”16. A nossa Mãe Santa Maria também se entregou por nós.
Dia 03-02-013- Aniversario da morte de Sagrario.

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